Por Dedé Rodrigues.
Dezenas de militantes do PCdoB de Pernambuco lotaram o auditório do Centro de Ciência Sociais Aplicadas da UFPE no último fim de semana (12 e 13) durante a 18ª Conferência Estadual do Partido.
Foto: Elaine de Paula
Segundo os organizadores, foi a conferência que reuniu o maior número de comunistas de cidades do interior do Estado de todos os tempos. Cerca de 6.500 militantes participaram, este ano, das etapas preparatórias realizadas em 91 municípios pernambucanos.
O clima de festa e confraternização, no entanto, foi alterado pela notícia da morte do filho adolescente do presidente do Comitê Municipal de Olinda, Luciano Moura, brutalmente assassinado na noite de sexta-feira (11). Em clima de forte comoção, dirigentes e diversos militantes do partido compareceram ao velório de Lenin Linhares Moura, 15 anos, na tarde de sábado (12).
A 18ª Conferência Estadual reuniu 220 delegados/as eleitos/as em conferências municipais realizadas entre os meses de agosto e setembro em todo o Estado, além de dirigentes, militantes e amigos da legenda. Haroldo Lima, membro do Comitê Central, representou a direção nacional do partido.
Nova direção eleita do Comitê Estadual do PCdoB de Pernambuco
Além de debater as teses do 13º Congresso Nacional da legenda, a conferência estadual elegeu a nova direção local e os 41 delegados que representarão Pernambuco na etapa nacional, que será realizada em novembro próximo, em São Paulo.
Diversos dirigentes e militantes ocuparam a tribuna, entre eles, Haroldo Lima, palestrante convidado, que discorreu sobre as teses do Congresso e a conjuntura atual do Brasil; Luciano Siqueira, vice-prefeito do Recife e membro do Comitê Central; Alanir Cardoso, presidente estadual da legenda; Luciana Santos, deputada federal e vice-presidente nacional do partido; Renildo Calheiros, prefeito de Olinda e membro do comitê estadual; Vic Barros, presidenta da UNE - União Nacional dos Estudantes; Marcelino Granja, secretário estadual de C&T e membro do comitê central, bem como dezenas de militantes.
Independência e autonomia
Luciano foi enfático na defesa dos princípios do PCdoB
Em seu pronunciamento, o vice-prefeito Luciano Siqueira definiu de maneira apaixonada o papel, os princípios e as bandeiras da legenda comunista.
"Esta é uma conferência vitoriosa. Nosso partido sai mais unido, mais coeso e mais decidido a cumprir o papel que lhe cabe na cena política de Pernambuco e do país. Nosso partido se diferencia pela maturidade, pela serenidade, pela habilidade política, pela capacidade de unir, mas aqui o partido não se coloca como linha auxiliar de ninguém", afirmou, enfático.
"O partido tem independência, o partido é autônomo. Nem no período mais difícil da crise do socialismo, da derrocada da ex-União soviética e dos países do Leste europeu, este partido abandonou sua cor vermelha, a foice e o martelo, seus princípios e sua bandeira socialista, mais do que nunca, tanto amos quanto sejamos, mais firmes somos e seremos na luta em defesa do socialismo", reafirmou.
"Façamos desse momento da conferência um instante de compreensão, de convicção, de determinação de que nós temos de trazer mais e mais líderes sindicais, líderes comunitários, religiosos, vereadores, deputados, gestores públicos, estudantes, ou seja, homens e mulheres que estejam lutando e queiram mudar. Quanto mais venham para o PCdoB, melhor. Para que nós possamos ter também um belo rumo, um grande, unido, aguerrido, Partido Comunista do Brasil".
DNA do PCdoB
Luciana conclamou a militância a fazer um Congresso do tamanho do partido
Já a deputada Luciana Santos destacou a influência dos debates que antecedem o 13º Congresso Nacional para a ampliar a compreensão da militância sobre "as preocupações que fazem parte do DNA do PCdoB".
A vice-presidente nacional do PCdoB elencou entre essas "preocupações", a defesa do Estado nacional brasileiro; o pensamento de que o país tem jeito, que tem muitas potencialidades e que elas dependem da nossa capacidade de fazer valer o Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento.
"Vamos fazer um congresso à altura dos desafios que estamos vivenciando no país, com a inserção do PCdoB como partido contemporâneo, capaz de grandes contribuições para a luta política, com esse olhar de combate às desigualdades sociais e regionais", conclamou.
Passo adiante
Foto: Elaine de Paula
Marcelino: Herança do desmonte feito por FHC ainda não acabou
O secretário de Ciência e Tecnologia de Pernambuco e dirigente do partido, Marcelino Granja, lembrou, por sua vez que muitas vezes é difícil perceber que estamos vivendo um processo histórico de mudança, mas que nas teses apresentadas pelo PCdoB há no país um ciclo novo, iniciado com o governo Lula.
"Estamos vivendo um momento de transição extremamente positivo. O Brasil de hoje não é o país de dez, doze anos atrás. O país é mais democrático, soberano, desenvolvido e as desigualdades regionais e sociais diminuíram".
"E o fator central é este, fundamental ao desenvolvimento de qualquer nação: a recuperação do papel do Estado nacional como indutor, articulador e garantidor dos interesses da nação. Esse patamar conquistado não tem que ser apenas mantido. A herança de profundo desmonte deixada por FHC não consegue se encerrar nesses doze anos de governo progressista. Exigem anos de realização para promover as reformas democráticas que o Brasil precisa. Agora, é preciso dar um novo passo adiante, realizar um novo pacto político”, enfatizou.
Mobilização social
Renildo falou sobre o desafio de superar os gargalos ainda existentes
Orador com forte presença, o prefeito de Olinda, Renildo Calheiros, chamou atenção para o tamanho dos desafios a serem enfrentados pelo Brasil, entre eles o da mobilidade urbana, e para a necessidade de uma grande mobilização da sociedade em torno das soluções para esses desafios.
"O Brasil e Pernambuco têm avançado muito, melhorado muito. Mas, nós temos alguns gargalos na sociedade brasileira, que exigem um grande esforço nacional, com um forte volume de recursos e serão necessários também muitos anos para nós sairmos do outro lado. Todos sabem que o Brasil é um dos maiores países do mundo, teve rede ferroviária muito precária, muito pequena e em vez de ela ter sido fortalecida, ela foi abandonada. Todos sabem que o problema da mobilidade nos grandes centros urbanos é um dos mais graves que nós temos hoje".
"Mas, como fazer se precisamos de redes de trens, de metrôs, que são projetos trilionários, que envolvem indenizações e precisam de 20, 30 anos para concluir essa infraestrutura. Mas, um dia essa agenda tinha que se colocar para nós e essa hoje é a agenda que está colocada para o Brasil agora. Não é desafio para pouca gente, nem para poucas forças, nem para um partido só. Isso requer a mobilização de toda a sociedade em uma espécie de pacto como diz o nosso documento", afirmou.
Foto: Elaine de Paula
Plateia lotada foi marca da 18ª Conferência do PCdoB-PE
Audicéa Rodrigues, com informações de Inamara Mélo.
Do Recife
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