quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PCdoB pernambucano avalia com cautela passos de Eduardo Campos














 
Por Dedé Rodrigues.

 “Paciência” e “cautela” foram as palavras-chaves com que dirigentes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em Pernambuco analisaram a aliança ente o governador do estado, Eduardo Campos, e a ex-senadora pelo Acre, Marina Silva, da Rede de Sustentabilidade. No último sábado (5), ambos anunciaram a filiação de Marina ao PSB.


A deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE), que também é vice-presidente nacional da sigla, foi cautelosa ao avaliar as consequências da aliança Marina – Eduardo para o cenário político-eleitoral de 2014, informa o diário pernambucano “Jornal do Commercio” em sua edição da última quarta-feira (9). “Marina é candidata assumida e ao se filiar ao PSB coloca uma pré-candidatura num status diferenciado. Mas os desdobramentos ainda vão ser processados”, disse. 

Defendeu que não é preciso antecipar os fatos para o plano local. “São questões que não têm por que mudar os caminhos que essas forças políticas estão desenvolvendo aqui no estado. O governo federal continua com a mesma disposição de tratar Eduardo como aliado. Temos que ter paciência para ver até as eleições como isto vai modificar”, afirmou.


Por seu turno, o vice-prefeito de Recife, Luciano Siqueira, que é também membro da direção nacional do PCdoB, em entrevista ao “Jornal do Commercio" on line nesta quarta, além de pedir “paciência” na avaliação do quadro, disse que a flexibilidade política não é novidade".




O “JC" indaga se o fator Marina contribui para colocar o projeto de Eduardo no caminho oposto ao do PT. “O governador, de maneira muito sábia, tem dito que tem consciência das diferenças e que vai tentar explorar as convergências”, afirma Luciano. E explicitou que o PCdoB tem opiniões críticas sobre a ex-senadora. “O fato de ela [Marina Silva] se aliar a um aliado nosso, a um partido de relação e confiança mútua, não nos impede de criticar as opiniões que ela externou. (...) A Marina que ingressou no PSB é de oposição. O PSB que a recebeu faz parte da base [do governo]. Como isso vai se desdobrar? É da economia interna do PSB”.



Siqueira diz “não posso afirmar”, quando indagado se o projeto presidencial PSB-Rede é ou não de oposição. “Não tenho certeza, ainda não está claro. Prego a paciência, tolerância, tem muito chão pela frente.



A edição on line do "JC" polemiza e indaga: Só que o governador tem feito discursos dizendo que é preciso “sepultar a velha política”, que no caso, seria o governo atual, no comando do PT...


Luciano Siqueira responde: “Não acho que seja o PT, é a velha política que foi derrotada em 2002. De lá para cá é a nova política, de enfrentamento da desigualdade social, da soberania brasileira”. 



Questionado sobre a opinião do governador de que a união PSB-REDE quebra “uma falsa polarização que precisa ser quebrada”, referindo-se à polarização existente entre o PT e o PSDB, Siqueira diz que respeita a opinião de Eduardo, mas a compreensão dessa questão nacional é diferente. “Não colocamos a polarização em termos de siglas. Há uma polarização entre o novo projeto nacional de desenvolvimento que tenta se construir desde o primeiro mandato do governo Lula e um modelo que foi derrotado no pleito de 2002. O que vai polarizar não são as siglas, mas a discussão em torno dos projetos concretos, de superação do neoliberalismo, que prevaleceu de Collor a FHC, que é uma construção que tem participação importante do PSB”, afirma. 



Siqueira lembra os avanços alcançados pelos governos progressistas [Lula e Dilma]. “Até FHC o valor do salário mínimo era 72 dólares e o de Dilma é mais de 300 dólares. Quando Lula começou a governar éramos dependentes da Europa e Estados Unidos. Em 10 anos, diversificamos e estamos sobrevivendo à crise global, porque temos uma política externa e econômica independente. Identificamos grandes avanços, a nossa luta é para dar continuidade a essa transição em curso, que ainda está em construção, de projeto de País”. 



O “JC" questiona o vice-prefeito de Recife sobre o quadro local, afirmando que o cenário atual da Frente Popular não é mais de união e exemplificando que o senador Armando Monteiro (PTB) disse que as forças tentem a se dividir para 2014. Para Siqueira, “é possível que isso aconteça, existe uma postulação clara e legítima do PTB de ter seu candidato e abertamente se colocando em apoio à presidente Dilma”. E acrescenta: “Na hipótese de existirem as candidaturas de Eduardo e Dilma, é claro que essas forças não estarão juntas, pelo menos, no 1º turno. Isso não é um fenômeno pernambucano. Partidos podem estar juntos para presidente e separados para governador”.



Sobre o posicionamento do PCdoB, diz que o partido “se pronunciará no momento que for adequado. Há oito anos, quando Humberto Costa e Eduardo Campos eram candidatos ao governo, Lula frequentou a campanha dos dois, essa flexibilidade também não é uma novidade”.



Mas o PCdoB é aliado histórico do PT, questiona o jornal pernambucano.



“Estamos tranquilos”, diz o vice-prefeito de Recife, lembrando que a um ano das eleições, oito meses das convenções, acontece muita coisa. “Agora, as nossas relações com o PT e o PSB prosseguem, porque somos aliados do PT desde a primeira tentativa de Lula, apoiamos o programa de governo da presidenta Dilma. Mantemos também com o PSB uma aliança estratégica, que não é de agora, e, portanto, não há razão para não continuarmos com esse relacionamento”, finaliza. 



Com “Jornal do Commercio” e “JC" on line




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