Apesar das medidas adotadas pelo governo Dilma, com
destaque para a queda da taxa dos juros e o estímulo ao crédito, o Brasil ainda
não conseguiu se safar da grave crise que atinge a economia capitalista mundial.
O país não está no atoleiro, como várias nações da Europa, mas também não dá
provas de retomada do seu crescimento. Nesta semana, o IBGE divulgou o balanço
da produção industrial em setembro. O resultado foi decepcionante – queda de 1%
na comparação com agosto do ano passado.
Para agravar ainda mais o cenário
interno, vários indicadores confirmam o aumento da desnacionalização da
economia. Na crise, as multinacionais intensificam o processo de compra das
empresas, concentrando ainda mais as riquezas e solapando a ação do Estado. No
primeiro semestre deste ano, as corporações estrangeiras abocanharam 167
companhias nacionais, a maior liquidação num único semestre de toda a história
do país – o recorde anterior foi do primeiro semestre de 2011 (94 empresas
desnacionalizadas).
Segundo dados da Pesquisa de Fusões e Aquisições da consultoria KPMG, a maior parte das empresas brasileiras (71) foi adquirida por multinacionais dos EUA, seguido por corporações da França (13), da Inglaterra (12) e da Alemanha (11). O capital estrangeiro adquiriu o controle nos mais diversos setores da economia: de serviços (21 desnacionalizações) e tecnologia da informação (17), passando por produtos químicos e farmacêuticos (17), alimentos, bebidas e fumo (9), telecomunicações e mídia (8), mineração (7).
Conforme aponta um estudo do Departamento Intersindical e Estudos e Estatísticas Sócio-Econômicas (Dieese), “desde 2004, passaram a ser controladas de fora do país nada menos que 1.167 empresas que antes eram nacionais, sendo que 86,5% destas (1.009 empresas) foram desnacionalizadas após 2006, ano em que o governo federal passou a facilitar o ingresso no país do chamado ‘investimento direto estrangeiro’, eufemismo para a compra de empresas nacionais por transnacionais”.
Outro dado alarmante é que boa parte da grana obtida com a
venda das empresas nacionais foi remetida ao exterior, o que prova que as elites
nativas não têm qualquer compromisso com o Brasil. O país já é hoje o quarto
maior do mundo em recursos depositados no estrangeiro. Em 2010, nada menos do
que US$ 520 bilhões (cerca de R$ 1,05 trilhão) estavam depositados pelos ricaços
brasileiros em paraísos fiscais. O valor equivale a quase 30% do Produto Interno
Bruto (PIB) nacional registrado em 2010 – de R$ 3,7 trilhões.
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