quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Cúpula dos Povos discute questões climáticas e critica capitalismo


A Cúpula do Povos, iniciada nesta segunda-feira (8) em Lima, no Peru, discute temas relacionados com o aquecimento global e as mudanças climáticas. O evento – que acontece paralelamente à 20ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP20) – crítica o capitalismo diante do risco que este oferece ao planeta. Nesta terça-feira (9), devem participar do encontro os presidentes Evo Morales, da Bolívia; Enrique Peña Nieto, do México; Juan Manuel Santos da Colômbia; e Michelle Bachelet, do Chile.


Reprodução
A Cúpula dos Povos acontece em Lima no Peru.A Cúpula dos Povos acontece em Lima no Peru.
“A Cúpula convoca e reúne todas as organizações civil e movimento sociais (ambientais, sindicais, grêmios, estudantis, indígenas, agrários, de mulheres, etc.) para fortalecer uma agenda comum e exercer pressão sobre os tomadores de decisão na COP20”, diz o texto oficial de apresentação do evento.

A Comissão Política organizadora da Cúpula dos Povos, formada por 13 organizações, defende que as mudanças climáticas incidem mais sobre os países menos industrializados, apesar deles contribuírem menos para o problema. As comunidades indígenas, por exemplo, são muito afetadas devido a relação de estreita proximidade com o meio ambiente.

No ato inaugural, os prefeitos de Bogotá, Gustavo Petro, e de Lima, Susana Villarán, fizeram um chamado à luta pela sobrevivência diante das mudanças climáticas, geradas principalmente por interesses privados de empresas que não têm responsabilidade com o meio ambiente.

Antes, porém, houve uma inauguração indígena com um tributo à Pachamama (Mãe Terra) – máxima divindade dos andes peruanos, bolivianos, do noroeste argentino e do extremo norte do Chile, relacionada com a terra, a fertilidade, a mãe e o feminino. A condução disto ficou a cargo do dirigente camponês Antolín Huáscar, do Peru, que demandou respeito ao povos indígenas e camponeses e criticou a COP20 por ser uma reunião fechada, que não permite a participação dos representantes sociais.

Segundo Ibis Fernández, porta-voz do evento, citada pelo jornal cubano Granma, são esperadas cerca de 15 mil pessoas até a próxima quinta-feira (11). Ela explicou que, no Peru, pouco se conhece sobre a COP20 e sobre a Cúpula dos Povos “porque não houve uma estratégia do governo para impulsionar estes eventos”.

A agenda do encontro inclui ainda a demanda de títulos de propriedade comunal aos povos originários sobre 20 milhões de hectares na América e 210 milhões de hectares no mundo. Também serão abordados aspectos relacionados com a gestão sustentável do território e dos ecossistemas, mulheres e sustentabilidade e modelos alternativos de vida social.

Na quarta-feira (10), Dia Internacional dos Direitos Humanos, está prevista a Marcha Mundial em Defesa da Mãe Terra, da qual participarão o presidente da Bolívia, Evo Morales, e representantes de movimentos sociais internacionais. Ela ocorrerá concomitantemente em Lima e em outras cidades, para reforçar a diversidade cultural do evento. No último dia, os representantes da Cúpula entregarão um documento com as conclusões do encontro aos representantes da Organização das Nações Unidas (ONU).

"O capitalismo tem convertido a água, a terra, portanto a vida, em um negócio. Se é privatizada a água, se é negócio para grandes transnacionais a terra, a vida também está privatizada. É nossa profunda diferença entre o capitalismo e o socialismo comunitário", afirmou recentemente o presidente boliviano.

Da redação do Portal Vermelho,
Com informações da Prensa Latina, do jornal Granma e da Rede Brasil Atual

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