sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Haroldo Lima: O papa Francisco e a China


O papa Francisco negou-se agora, nesse dezembro de 2014, a receber em audiência o Dalai Lama. O secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, explicou que a audiência “poderia causar problemas entre a China e o Vaticano”.

Por Haroldo Lima *


Reprodução
"O Dalai Lama, que se apresenta como um líder espiritual budista, na verdade é um agente assalariado da CIA americana, e vive percorrendo o mundo caluniando a China"
"O Dalai Lama, que se apresenta como um líder espiritual budista, na verdade é um agente assalariado da CIA americana, e vive percorrendo o mundo caluniando a China"

A diplomacia chinesa imediatamente saudou a notícia. No dia seguinte ao seu anúncio, publicado em 15/12/2014, pelo órgão de imprensa Religión Digital, o porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Quing Gang, em coletiva à imprensa, animado, disse confiar que “o Vaticano possa continuar defendendo princípios relevantes e trabalhar na mesma direção que a China para melhorar as relações bilaterais” entre a China e o Vaticano.

Como é sabido, desde que a República Popular da China foi proclamada em 1949, beligerantes chineses, derrotados, patrocinados pelos Estados Unidos, fugiram e ocuparam a ilha de Taiwan, chamando-a de República da China.

A partir de então, toda vez que a República Popular da China estabelece relações diplomáticas com algum país, exige que o mesmo declare que reconhece a República Popular da China como “a única e legítima representante do povo chinês”. Isto é o que a China considera um dos mais importantes “princípios relevantes” e essa declaração foi feita pelo Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, França e todos os países que têm relação com a China, a quase totalidade do mundo. O Vaticano é um dos poucos Estados que ainda mantem relações com Taiwan.

O Dalai Lama, que se apresenta como um líder espiritual budista, na verdade é um agente assalariado da CIA americana, e vive percorrendo o mundo caluniando a China e procurando desestabilizar a região autônoma do Tibet, onde os Lamas mantinham um regime escravocrata até 1951, quando a República Popular decidiu intervir para acabar com o escravismo.

A China considera gesto inamistoso o de qualquer governo receber e prestigiar a personagem desagregadora do Dalai Lama, e realça os que se recusam a apoiar a ação nefasta do Dalai, vendo nisto um gesto de boa vontade para com o povo e o Governo chinês. Daí a importância da audiência negada ao Dalai Lama pelo papa Francisco e a imediata reação positiva da diplomacia chinesa.

A atitude de simpatia e reconhecimento da China face ao papa Francisco, vem na linha de continuidade de outra posição há pouco ocorrida.

Em 1989, o papa João Paulo II, que se notabilizou por ter contribuído para o desmonte do bloco soviético e, na América Latina, por ter desmobilizado a Teologia da Libertação, viajou à Coreia do Sul e seu avião pediu autorização de Pequim para sobrevoar o território chinês. A China não concedeu autorização pedida.

Em agosto passado, o papa Francisco fez a mesma viagem e seu programador de vôo fez idêntica solicitação ao Governo chinês. A autorização foi imediatamente concedida. Quando sobrevoava o território da China, Francisco fez de bordo uma delicada saudação ao povo e às autoridades chinesas.

Apesar da evidente importância dessas notícias, todas inéditas, elas não foram divulgadas na mídia reacionária local, ou não tiveram qualquer destaque. Isto porque são notícias positivas, que fortalecem o lado democrático, popular e socialista do mundo.

*Haroldo Lima é do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil e foi fundador e Presidente do Grupo Parlamentar Brasil- China.

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