sábado, 6 de dezembro de 2014

"Reforma política tem de ser democrática", defende Aldo Arantes


 O Plenarinho da Câmara Municipal do Recife ficou lotado no final da tarde de terça-feira (2) para o lançamento do livro autobiográfico Alma em Fogo - Memórias de umMilitante Político, do camarada Aldo Arantes. Na plateia, filiados, dirigentes, militantese amigos do PCdoB. Alanir Cardoso, presidente do Comitê Estadual do partido emPernambuco, e o vereador da legenda Almir Fernando fizeram as honras da casa.





Ao apresentar o autor, Alanir destacou que, além de lançar seu livro, Aldo participaria do lançamento no estado da Campanha Nacional de Luta pela Reforma Política Democrática, encabeçada pela OAB Nacional, CNBB e mais de cem entidades da sociedade civil, ocorrido nesta quarta-feira (3), na sede da OAB-PE. Aldo é membro da comissão de mobilização da campanha. 

"Trata-se de uma aspiração importante para a quadra política que atravessamos. Nós acabamos de sair de uma eleição radicalizada, evidentemente, com a grande vitória que foi o quarto mandato do povo com a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Mas, nós saímos com um país conturbado, um país que polarizou e se dividiu em torno de projetos distintos e, de certa maneira, a eleição, para os que perderam, não terminou, com a tentativa de um terceiro turno, que se chama tentativa de impeachment, tentativa de não legitimar os resultados da urnas", disse Alanir.



Ele lembrou ainda a trajetória política do escritor. "Aldo foi um dos dirigentes da Ação Popular e hoje é um dos principais dirigentes do PCdoB. Tem uma trajetória de militância que, para nós, é um exemplo, uma fonte de inspiração, uma razão de ser naquilo que nós vamos construindo no sentido de fazer o nosso país mais avançado, mais solidário, com mais justiça social e, em última instância, para nós que lutamos para instalar em nossa terra a República dos trabalhadores e a nova sociedade de nossos sonhos, que é o socialismo".

Alanir fez questão de registrar as presenças de companheiros ilustres, que atuaram na AP e na resistência à ditadura militar, membros ou não do PCdoB, tais como padre Marcelo Barros; Roberto Trevas; Valdir Dantas; José Antônio (Jô); Tadeu Lira; Luci Siqueira; Nevinha Cardoso; Eufrásio Elias e José Inácio Barbosa (Zezinho).



"Faço esses registros para valorizar o fato de que nossa luta não começou agora, vem de muito anos e ainda vai continuar por muito tempo e, seguramente, os mais jovens vão estar com a responsabilidade de sustentar nossa bandeira. Isso tudo, é para destacar o papel que o nosso companheiro Aldo tem desempenhado ao longo desses anos de militância", explicou o dirigente pernambucano.

Ele citou como exemplo da atuação de Aldo, a presidência da UNE, "uma das mais destacadas da história da entidade"; o pioneirismo na resistência ao golpe de 1964; a prisão durante a Chacina da Lapa, na qual foram mortos e presos vários dirigentes comunistas, vítimas da repressão militar. 

Alanir lembrou ainda que Aldo Arantes é ex-deputado federal pelo estado de Goiás (1982), onde nasceu, e depois deputado Constituinte (1986), com "atividade intensa na vida partidária e na vida política mais ampla e hoje é membro do Comitê Central e responsável pela política de Meio Ambiente do partido, além de participar da coordenação ativa do movimento de luta por uma reforma política democrática".

Reforma democrática

Aldo Arantes, por sua vez, convidou a todos para o lançamento da campanha pela Reforma Política Democrática, ressaltando que a reforma que defende "não é qualquer reforma política. Tem de ser democrática". Ele falou ainda sobre a mobilização pela reforma, que, segundo ele "é um patrimônio político dos setores democráticos, que ainda não foi compreendido por muita gente". 

"Na minha opinião, isso é uma grave subestimação. Num momento em que a direita conseguiu obter uma votação expressiva, que tenta fazer o terceiro turno, do ponto de vista tático, qual é o nosso objetivo? Atrair gente que está lá para o nosso lado. Como a gente faz isso? Colocando palavras de ordem que aprofundem a democracia, que mobilizem a sociedade. Colocar uma palavra de ordem que não corresponde a uma realidade objetiva, que é uma suposta boa vontade, ao invés de ajudar, atrapalha", ensinou.

Ele chamou atenção para o fato de que o que está colocado é a reforma política, mas que não se trata de qualquer reforma política, mas da reforma política democrática. "Tem que qualificar", destacou. 

"Nós temos o maior respeito pelos companheiros que defendem a Constituinte exclusiva, só que aí, além de ser uma palavra de ordem que, em nossa opinião, não está sintonizada com os níveis da luta colocada, não inclui no debate qual é a proposta de conteúdo. Porque, se nós ficarmos falando em modificações radicais sem entrar no mérito das propostas que estamos fazendo, sem querer nós estaremos deixando o espaço aberto para a direita viabilizar a reforma política antidemocrática", disse, citando como exemplo a defesa, pela direita, do sistema distrital misto.

Aldo fez ainda um alerta e um chamamento. "Na verdade, essa coalizão tem um projeto de iniciativa popular em torno de quatro questões. Primeiro, o fim do financiamento de campanha por empresas e a adoção do financiamento democrático de campanha, que é o financiamento público, com a possibilidade de financiamento de pessoa física limitado; segundo, o sistema proporcional em dois turnos. No primeiro turno, se vota num partido e ao votar no partido você eleva o patamar da luta política, que passa a se dar em torno de propostas, de ideias, e induz a formação do partido; reduz o número de partidos, mas assegura uma coligação proporcional em outras formas". Ele citou ainda como propostas da comissão a paridade de gênero e o mecanismo de democracia direta. 

O livro Alma em Fogo foi também objeto de comentários do autor, que explicou a origem do título e falou sobre alguns momentos de sua autobiografia, com destaque para o que considerou fatos "interessantes" ocorridos em sua luta política antes e durante o regime militar, além das reflexões sobre a questão ambiental, o socialismo e a luta democrática.

Juventude




Na terça-feira (2), pela manhã, Aldo Arantes participou de debate com integrantes da UJS - União da Juventude Socialista de Pernambuco. O encontro aconteceu no auditório Marcelo Medeiros, do Comitê Estadual do PCdoB-PE. A conversa teve como tema a Reforma Política Democrática.

Audicéa Rodrigues
Do Recife

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