sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Nem todos estão descontentes com métodos aplicados pela CIA


Após um período de acaloradas polêmicas, a comissão de contra-inteligência do Senado dos EUA acabou por publicar um relatório em que os métodos aplicados pela CIA na realização de interrogatórios depois do 11 de setembro de 2001 são qualificados como os mais duros e menos eficientes.

Por Natalia Pavlova, na Voz da Rússia


Reprodução
  
O documento constata que a prática de torturas não se reduzia a algumas violações e exceções. Se trata de um emprego sistemático de certos métodos de tortura. Alguns reclusos, devido às lesões e aos ferimentos sofridos, perdiam os sentidos ou, mediante a tortura da água, chegavam a um estado crítico.
Que ressonância teve a publicação do relatório? O tema foi comentado por Wolfgang Richter, perito do Fundo de Ciência e Economia junto do Instituto de Política Internacional e Segurança.

“São patentes violações do Direito Internacional e da Convenção contra a Tortura. Mas também se trata de prisões secretas. Muitos países colocam este tema. Na Polônia e na Romênia tais métodos foram utilizados. Falamos de reclusão administrativa, ou seja, dos casos em que os reclusos estão privados de julgamento e inquérito justo e objetivo. Além disso, o Congresso, os círculos sociais e os aliados foram induzidos a erro. Tudo isto constitui uma violação do Convênio Internacional de Direitos Humanos”, disse.

“Me inquieta ainda o fato de haver pessoas que estão apoiando o direito ao recurso a torturas. Infelizmente, à frente desse grupo se colocaram políticos que, no governo de George W. Bush e Richard Cheney, haviam ocupado cargos altos e importantes. Estou indignado pelo fato de que os executores são chamados hoje de ‘patriotas’ que merecem condecorações. Creio que isso não se enquadra bem no sistema de valores da sociedade”.

O referido documento foi preparado em finais de 2012, mas foi divulgado há pouco tempo. A publicação poderá engendrar efeitos negativos nos EUA, adianta.

“Tais publicações, para qualquer Estado, nunca surgem na altura certa. No caso dos EUA, o maior problema consiste em que Washington procura aliados no Oriente Médio a fim de prosseguir o combate ao Estado Islâmico, mas a maioria dos torturados era constituída por muçulmanos. Por isso, nessa etapa, a publicação pode ser vista como muito delicada”.

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