domingo, 21 de abril de 2013

Policiais foram condenados a 156 anos por massacre no Carandiru


Após o júri condenar, na madrugada deste domingo, os 23 policiais militares acusados pela morte de 13 presos, em 1992, na Casa de Detenção do Carandiru, na Zona Norte de São Paulo, a Justiça os condenou a penas que, somadas, chegam a 156 anos de prisão para cada. Todos eles, no entanto, poderão recorrer da sentença em liberdade. Três dos 26 réus foram absolvidos.


Presos no pátio do presídio do Carandiru, logo após o massacre.

A sentença foi lida pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão à 1h15 no Fórum da Barra Funda, após um longo dia de debates entre defesa e acusação, com uso da réplica e da tréplica. A última fase, antes da votação dos jurados, teve início às 9h e terminou às 21h25, com a fala da advogada de defesa, Ieda Ribeiro de Souza. Depois, os jurados responderam a mais de 1,5 mil perguntas na sala secreta. Foram usadas 290 folhas de questionário para cada jurado.

Os réus condenados são: Ronaldo Ribeiro dos Santos, Aércio Dornelas Santos, Wlandekis Antonio Candido Silva, Antonio Luiz Aparecido Marangoni, Joel Cantilio Dias, Pedro Paulo de Oliveira Marques, Gervásio Pereira dos Santos Filho, Marcos Antonio de Medeiros, Paulo Estevão de Melo, Haroldo Wilson de Mello, Roberto Yoshio Yoshikado, Salvador Sarnelli, Fernando Trindade, Argemiro Cândido, Elder Tarabori, Antonio Mauro Scarpa, Marcelo José de Lira, Roberto do Carmo Filho, Zaqueu Teixeira, Osvaldo Papa, Reinaldo Henrique de Oliveira, Sidnei Serafim dos Anjos e Marcos Ricardo Poloniato.

Às 9h25 deste sábado (20) foi iniciada a fase de debates entre promotoria e defesa. Nesta etapa, cada parte teve três horas para argumentar no plenário. Iniciado na segunda-feira após ser adiado em uma semana, porque um dos membros do conselho de sentença passou mal no dia 8, 11 testemunhas foram ouvidas – cinco de acusação e seis de defesa. Houve, ainda, a leitura de peças e exibição de vídeos no plenário e o interrogatório de quatro dos 24 réus presentes – dois não compareceram ao julgamento. Vinte dos acusados manifestaram ao juiz, um a um, que “seguindo recomendações da advogada e para evitar o cansaço dos jurados”, iriam permanecer em silêncio.

O juiz José Augusto Marzagão questionou todos os réus se eles tinham conhecimento da acusação que pesava sobre eles e perguntou se eram inocentes. Todos disseram que sim. Os 26 são acusados pela morte de 15 presos que estavam no segundo pavimento (primeiro andar) do pavilhão nove do Complexo Penitenciário do Carandiru. A expectativa do juiz era a de concluir o julgamento ainda na sexta-feira (19), mas diante dos atrasos, da suspensão dos trabalhos e dos constantes intervalos que ocorreram durante as sessões, o júri teve que continuar durante o fim de semana.

Massacre

O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no pavilhão nove. Com a confusão, a tropa de choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta. Foram mortos 111 detentos.

Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses 84 foram acusados de homicídio. Desde aquela época, cinco morreram e agora restam 79 para serem levados a julgamento.

Até hoje, apenas Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos Jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.

Fonte: Correio do Brasil

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