quinta-feira, 15 de novembro de 2012

COMEMORAÇÃO DA CONSCIÊNCIA NEGRA ANTECIPADA NO ARNALDO FOI UM SUCESSO.



Por Dedé Rodrigues.

No dia 14 de novembro de 2012 foi comemorado antecipadamente o dia 20 de novembro, o “Dia da Consciência Negra”. Pela manhã e pela tarde teve diversos projetos que abordaram a questão do negro como: Cinema, culinária, religião, etc.

O EVENTO À NOITE.
 


Pela noite foi feita a abertura pelo professor Francisco Melo que chamou o professor Dedé Rodrigues para fazer um rápido histórico o dia 20 de novembro que resumiu dizendo que esse dia “é uma homenagem ao grande herói brasileiro Zumbi dos Palmares pela passagem do aniversário de sua morte em 1.895”. O dia é celebrado no Brasil desde 1960. A libertação dos negros foi o resultado de muitas lutas que culminaram em diversas leis até chegar a Lei Áurea em 1888.
O NEGRO HOJE NO BRASIL.
O negro no Brasil de Hoje, apesar das conquistas, ainda continua sendo discriminado tanto na renda, ganhando 61% da dos brancos no trabalho, como também trabalhando em serviços menos qualificados, ou mais pesados, segundo dados do IBGE. A expectativa de vida do negro, por exemplo, é menor do que a do branco, pois enquanto o negro que ultrapassa os 60 anos é só 8%, o branco é 12%. 
 



AS CONQUISTAS DOS NEGROS.
No Brasil o negro registra ao longo da História diversas conquistas, a exemplo das cotas para Universidades, tratando-se de uma discriminação positiva que possibilita aos negros a diminuição do distanciamento histórico em ralação aos brancos a que eles foram submetidos na educação. Também foi lembrado ao Artigo 5º, inciso XLII da Constituição Federal que torna o crime de racismo inafiançável e imprescritível. Finalizando a caminhada dos negros rumo a liberdade plena, a cidadania e a igualdade em relação aos brancos continua em várias formas de organização e de lutas.
OS EVENTOS DA NOITE
Á noite houve bastante apresentação de poesias, danças, capoeira e dramatizações. O destaque mais uma vez ficou a cargo do grupo Pérola Negra do 1º EM-E que agitou a galera fazendo o maior sucesso. Participaram ainda o 3º EM – B e A, 3º NM -A  e a 8ª D.  
Professores responsáveis pelo evento da Consciência Negra na Escola Zeneide, há 06 anos e Jean. Apoio Francisco Melo e Dedé Rodrigues.
Ainda participaram nessa noite os professores Everton, Alexandre, Edson, Iris Miron e Welton.

ABAIXO TEM MAIS INFORMAÇÕES SOBRE ZUMBI E MAIS FOTOS.




Mario Maestri: Zumbi vive nos altos da Serra da Barriga


Em 20 de novembro de 1695, Nzumbi dos Palmares caía lutando em mata perdida do sul da capitania de Pernambuco. Seu esconderijo fora revelado por lugar-tenente preso e barbaramente torturado. Mutilaram seu corpo. Enfiaram seu sexo na boca.

Por Mario Maestri*



Expuseram a cabeça do palmarino na ponta de uma lança em Recife. Os trabalhadores escravizados e todos os oprimidos deviam saber a sorte dos que se levantavam contra os senhores das riquezas e do poder.

Confederação

"Acreditando nos escravizadores, Ganga Zumba deu as costas aos irmãos de opressão e aceitou as miseráveis facilidades para alguns poucos"

Em 1654, com a expulsão dos holandeses do Nordeste, os lusitanos lançaram expedições para repovoar os engenhos com os cativos fugidos ou nascidos nos quilombos da capitania. Para defenderem-se, as aldeias quilombolas confederaram-se sob a chefia política do Ngola e militar do Nzumbi. A dificuldade dos portugueses de pronunciar o encontro consonantal abastardou os étimos angolanos nzumbi em zumbi, nganga nzumba, em ganga zumba. A confederação teria uns seis mil habitantes, população significativa para a época.

Em novembro de 1578, em Recife, Nganga Nzumba rompeu a unidade quilombola e aceitou a anistia oferecida pela Coroa portuguesa apenas aos nascidos nos quilombos, em troca do abandono dos Palmares e da vil entrega dos cativos ali refugiados ou que se refugiassem nas suas novas aldeias.

'Acordo'

Acreditando nos escravizadores, Ganga Zumba deu as costas aos irmãos de opressão e aceitou as miseráveis facilidades para alguns poucos. Abandonou as alturas dos Palmares pelos baixios de Cucuá, a 32 quilômetros de Serinhaém. Foi seduzido por lugar ao sol no mundo dos opressores, pelas migalhas das mesas dos algozes.

Então Nzumbi assumiu o comando político-militar da confederação.

Para ele, não havia cotas para a liberdade ou privilegiados no seio da opressão! Exigia e lutava altaneiro pelo direito para todos!

Não temos certeza sobre o nome próprio do último nzumbi que chefiou a confederação após a defecção de Nganga Nzumba. Documentos e a tradição oral registram-no como Nzumbi Sweca.

Armas

Nos derradeiros ataques aos Palmares, as armas de fogo e a capacidade dos escravistas de deslocar e abastecer rapidamente os soldados registravam o maior nível de desenvolvimento das forças produtivas materiais do escravismo, apoiado na super-exploração dos trabalhadores feitorizados. As tropas luso-brasileiras eram a ponta de lança nas matas palmarinas da divisão mundial do trabalho de então.

Não havia possibilidade de coexistência pacífica entre escravidão e liberdade. Palmares era república de produtores livres,

"Não havia possibilidade de coexistência pacífica entre escravidão e liberdade. Palmares era república de produtores livres, nascida no seio de despótica sociedade escravista"

nascida no seio de despótica sociedade escravista, que surge hoje nas obras da historiografia apologética como um quase paraíso perdido, onde a paz, a transigência e a negociação habitavam as senzalas. Palmares era exemplo e atração permanentes aos oprimidos que corroíam o câncer da escravidão.

Como lembraram, nos anos 1950, o historiador trotskista francês Benjamin Pérret e piauiense comunista Clóvis Moura, a confederação dos Palmares venceria apenas se espraiasse a rebelião aos escravizados dos engenhos, roças e aglomeração do Nordeste, o que era então materialmente impossível.

Liberdade, Liberdade


Palmares não foi luta utópica e inconsequente. Por longas décadas, pela força das armas e a velocidade dos pés, assegurou para milhares de homens e mulheres a materialização do sonho de viver de seu próprio trabalho em liberdade. Indígenas, homens livres pobres, refugiados políticos eram aceitos nos Palmares. Eram braços para o trabalho e para a resistência.

A proposta da retomada da escravidão colonial em Palmares, com Zumbi com um "séquito de escravos para uso próprio", é lixo historiográfico sem qualquer base documental, impugnado pela própria necessidade de consenso dos palmarinos contra os escravizadores. Trata-se de esforço ideológico de sicofantas historiográficos para naturalizar a opressão do homem pelo homem, propondo-a como própria a todas e quaisquer situações históricas.

Palmares garantiu que milhares de homens e mulheres nascessem, vivessem e morressem livres. Ao contrário, em poucos anos, os seguidores de Ganga Zumba foram reprimidos, re-escravizados ou retornaram fugidos aos Palmares, encerrando-se rápida e tristemente a traição que dividiu e fragilizou a resistência quilombola.

Resistência

A paliçada do quilombo do Macaco foi a derradeira tentativa de resistência estática palmarina, quando a oposição quilombola esmorecia. Ela foi devassada em fevereiro de 1694, por poderoso exército, formado por brancos, mamelucos, nativos e negros, entre eles, o célebre Terço dos Enriques, formado por soldados e oficiais africanos e afro-descendentes. Não havia e não há consenso racial e étnico entre oprimidos e opressores.

O último reduto palmarino, defendido por fossos, trincheiras e paliçada, encontrava-se nos cimos de uma altaneira serra.

A serra da Barriga e regiões próximas, na Zona da Mata alagoana, com densa vegetação, são paragens de beleza única. Quem se aproxima da serra, chegado do litoral, maravilha-se com o espetáculo natural. O maciço montanhoso rompe abruptamente, diante dos olhos, no horizonte, como fortaleza natural expugnável, dominando as terras baixas, cobertas pelo mar verde dos canaviais flutuando ao lufar do vento.

Herança

Se apurarmos o ouvido, escutaremos os atabaques chamando às armas, anunciando a chegada dos negreiros malditos. Sentiremos a reverberação dos tam-tans lançados do fundo da história, lembrando às multidões que labutam, hoje, longuíssimas horas ao dia, não raro até a morte por exaustão, por alguns punhados de reais, nos verdes canaviais dessas terras que já foram livres, que a luta continua, apesar da já longínqua morte do general negro de homens livres.

*Mario Maestri, 64, é professor do programa de pós-graduação em História da UPF

Fonte: Caros Amigos























 
 

 

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