Após as eleições parlamentares de 6 de dezembro passado, quando a direita elegeu a maioria de deputados para a Assembleia Nacional (AN), nesta terça feira (5), o Parlamento toma posse para o período de 2016-2021, como estabelece a Constituição.
Nesta segunda feira (4), o presidente da República, Nicolás Maduro, convidou o povo venezuelano a assistir à instalação do Parlamento em paz, pelo caminho da Carta Magna. "Contribuamos para que a Assembleia se instale tranquila e pacificamente, como reza a Constituição, as leis e respeitando todos os poderes públicos", expressou em transmissão por rede de rádio e televisão.
Nesse sentido, o mandatário nacional ordenou ao Ministério de Relações Interiores, Justiça e Paz que tomasse as medidas necessárias para assegurar e resguardar as mobilizações dos partidos políticos convocadas para esta terça-feira.
Os movimentos sociais revolucionários convocaram para esta terça-feira uma mobilização que sai do Rincón El Taxista, localizado na freguesia 23 de Janeiro de Caracas, tendo como destino o Palácio de Miraflores. Enquanto isso, setores da direita nacional chamaram uma concentração em Hoyada, em direção à AN.
Durante seu discurso, transmitido a partir do Salão Ayacucho do Palácio de Miraflores, em Caracas, o presidente Maduro reiterou que a garantia da paz é oferecida pelas forças revolucionárias e estendeu um convite a todo o povo venezuelano, mesmo aqueles que votaram na direita nas últimas eleições parlamentares, para reforçarem a unidade.
"Eu sou a garantia da paz (...) Aqueles que querem a paz no país, juntem-se a nós. Vamos juntos", sublinhou o chefe de Estado, reiterando a sua denúncia de agentes externos e internos da direita que preveem a desestabilização do país, “e não respeitam as regras do jogo".
Bloco da Pátria para a Assembleia Nacional
Depois do revés eleitoral nas eleições parlamentares, a bancada revolucionária eleita (55 parlamentares) defenderá as conquistas alcançadas pelo poder popular nestes 17 anos de Revolução Bolivariana, daqueles que buscam minar o povo venezuelano.
Para isso, estabeleceu-se, nesta segunda-feira, o Bloco da Pátria, coordenado pelos deputados Chávez Hector Rodriguez, que presidirá o grupo, Aloha Nuñez, Pedro Carreño, Ramon Lobo, Francisco Torrealba, Nora Delgado e Victor Clark. Este grupo, explicou o presidente Maduro, terá como tarefa principal expor as verdadeiras intenções dos setores da direita na AN. "O Bloco da Pátria deve desmascarar o que eles (a direita) pretendem fazer, a fim de detê-los e derrotá-los junto ao povo. Esta é a grande tarefa de luta que cabe, heroicamente, como uma epopeia, às deputadas e deputados da pátria", disse ele.
Nesta Assembleia Nacional, os deputados da pátria lutarão para assegurar a continuidade do processo revolucionário e socialista iniciado por Hugo Chávez como uma ferramenta para capacitar o povo e defender a nossa pátria da agressão imperialista.
A este respeito, o mandatário nacional denunciou que a direita pretenderá “bloquear iniciativas para a recuperação econômica, o Plano de Recuperação da Economia, que será apresentado nas próximas horas. Eles vêm para a sabotar, para que os recursos não fluam, para colocar em torniquetes os recursos disponíveis. Vêm para mudar as leis fundamentais da Revolução".
Plano de Emergência Econômica
Diante da guerra econômica, promovida por setores da direita, assim como a queda de 70% no preço do petróleo – principal fonte de renda do país, o presidente da República anunciou a implantação do Plano de Emergência Econômica, que terá como objetivo principal a construção de políticas econômicas estratégicas, táticas e conjunturais, a fim de reformular o sistema produtivo e financeiro do país.
"Nas próximas horas lançaremos um plano de emergência econômica para a ativação, reativação e reformulação da economia e para a construção de uma economia produtiva local, regional e nacional que inclua grandes cadeias de valores", expressou, no Palácio de Miraflores.
Maduro indicou que pretende decretar uma emergência nacional de carácter constitucional "para abordar os grandes temas da economia e determinar os elementos fundamentais relativos à produção, distribuição, comercialização e regulação de preços".
Este decreto está enquadrado no plano nacional para a recuperação econômica, que será submetido à AN.
Comitê Promotor do Congresso da Pátria
Com a finalidade de sintonizar novas estratégias econômicas, políticas e sociais a favor do povo, o presidente Maduro convocou, nesta segunda, a instalação do Comitê Promotor do Congresso da Pátria, que será realizado em 23 de janeiro.
Neste sentido, o presidente exortou todo o povo a participar desta reunião, a fim de "preparar uma visão estratégica clara e uma política abrangente, prepararmo-nos para vencer as lutas econômicas, sociais e políticas que vêm nas próximas semanas, meses e anos.
"É hora de levantar a cabeça, o espírito e a alma, inflar o peito (...) e chamar primeiramente a nós mesmos, nas profundezas do espírito, para aquilo que somos e convocar também todos os venezuelanos e venezuelanas para uma grande união patriótica revolucionária nacional no Congresso da Pátria", indicou o chefe de Estado.
Defesa da soberania
Com os novos ataques de interferência por parte do governo dos Estados Unidos (EUA), com o objetivo de derrocar a Revolução Bolivariana, o presidente convocou todo o povo venezuelano para defender a soberania e a independência nacional, consolidadas nos últimos 17 anos do processo bolivariano.
"Que se respeite a independência do país e que ninguém venha interferir nos assuntos da instalação da Assembleia Nacional (...) Se ficássemos na vida somente defendendo a independência da Venezuela, nós o faríamos", expressou o chefe de Estado, em transmissão conjunta de rádio e televisão.
Neste sentido, o presidente Maduro condenou a postura do governo dos EUA, que através de um porta-voz do Departamento de Estado, disse que estava "preocupado" com "os sérios desafios enfrentados pelo povo da Venezuela", considerando-a uma interferência inaceitável nos assuntos internos do país.
"É uma questão nossa, (o governo dos EUA) não tem de estar colocando pré-condições, nem pós-condições, nada, condição alguma. Nós não as aceitamos, império", disse o presidente venezuelano.
Telesur
Fonte: Blog da Resistência, com informações da Agência Venezuelana de Notícias; tradução de Maria Helena D´Eugênio
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