quinta-feira, 21 de março de 2013

China "rica e forte" ainda está distante, diz Xi Jinping


Na primeira entrevista concedida após tomar posse em 14 de março, como presidente da República Popular da China, Xi Jinping disse que "o mundo está mudando e a China também está mudando" em direção ao "socialismo com características chinesas". Entrevista feita por Claudia Safatle, no jornal paulistano Valor Econômico.


O presidente chinês afastou qualquer temor em relação a pretensões hegemônicas da China, comprometeu-se com as reformas econômicas e políticas do país e disse que há um longo caminho a percorrer até a China ser um país "rico e forte".

Valor Econômico: A Rússia será o primeiro país que o senhor visita como presidente da China. Qual é o motivo dessa decisão e como o senhor vê a Rússia?Xi Jinping: De modo recíproco, a China e a Rússia são parceiros de coordenação estratégica de maior peso e importância. Tanto para a China como para a Rússia, o relacionamento bilateral ocupa uma posição prioritária na diplomacia geral e nas políticas externas. A minha visita à Rússia, o nosso vizinho amigo, logo depois de assumir o cargo de presidente, é uma prova da alta importância que a parte chinesa atribui às relações sino-russas. Sob os esforços constantes de ambas as partes nos últimos 20 anos, o relacionamento sino-russo já passou a ser parceria de coordenação estratégica global. 

Foram resolvidas completamente as questões fronteiriças legadas pela história. A base das relações políticas é mais sólida e os dois lados têm se apoiado mutuamente nas questões de interesse comum. O volume do comércio bilateral aumentou 14 vezes nas últimas duas décadas, batendo o recorde de US$ 88,2 bilhões no ano passado, e a cooperação nos projetos estratégicos de grande escala ganha força, principalmente nos setores de energia, investimentos, aviação e indústria aeroespacial. 

Nossas colaborações estratégicas no cenário internacional são estreitas, o que tem contribuído para promover o processo de democratização das relações internacionais. O relacionamento sino-russo já se encontra numa nova fase, na qual cada parte fornece importantes oportunidades de desenvolvimento para a outra parte e considera a outra parte parceiro prioritário. 

Na próxima etapa, as tarefas importantes no desenvolvimento das relações sino-russas são: primeiro, consolidar a confiança mútua de natureza estratégica e política e reforçar o apoio recíproco nas questões relativas aos interesses da outra parte. 

Em segundo lugar, ampliar a cooperação pragmática, como, por exemplo, atingir com antecedência a meta de elevar o comércio bilateral a US$ 100 bilhões até 2015, estabelecer a parceria estratégica na área de energia, implementar projetos estratégicos de grande escala e aprofundar o intercâmbio na área humanística. 

Em terceiro lugar, estreitar ainda mais a colaboração nos assuntos internacionais e regionais, defender firmemente os princípios da Carta das Nações Unidas e as normas fundamentais das relações internacionais, salvaguardar os resultados da Segunda Guerra Mundial e a ordem internacional pós-guerra, assegurando a paz, a segurança e a estabilidade mundial. 

Afinal, a China e a Rússia têm tanto a confiança como a capacidade para transformar as vantagens criadas pelo alto nível das nossas relações políticas em frutos concretos da nossa cooperação pragmática, que se traduzirão em benefício para os nossos povos.

Os povos chinês e russo possuem uma longa tradição de amizade, com uma base profunda de intercâmbio humanístico. Li muitas obras russas quando era jovem, Pushkin, Lérmontov, Turgueniev, Dostoiévski, Nekrássov, Tólstoi, Tchékhov, Shólokhov. As obras deles nos marcam muito.

Há 15 anos, a China e a África do Sul estabeleceram relações diplomáticas. Qual é a sua avaliação e quais são suas expectativas em relação às relações bilaterais?
Há uma amizade profunda entre o povo chinês e o povo sul-africano. Ainda durante a luta contra o apartheid, o povo chinês já estava firmemente ao lado do povo sul-africano. Ao longo dos 15 anos desde o estabelecimento das relações diplomáticas, as relações entre a China e a África do Sul têm conseguido saltos históricos, passando da parceria para a parceria estratégica global. 

Como países de mercado emergente e em desenvolvimento, a China e a África do Sul consideram a outra parte como oportunidade de desenvolvimento e pilar importante na própria estratégia diplomática. 

Estou na expectativa de trocar opiniões com o presidente Zuma de forma aprofundada na minha visita à África do Sul e antecipo meus votos pelo sucesso da 5ª cúpula do Brics.

Qual será o papel da China no processo de desenvolvimento pacífico na África? Além dos recursos naturais, quais são os outros setores que interessam à China?
A China e a África são membros da mesma família. Conhecemos muito bem os nomes dos antigos líderes africanos e as belas histórias que simbolizam a amizade sino-africana, tal como a ferrovia Tanzânia-Zâmbia. Nos últimos anos, o relacionamento sino-africano tem obtido avanços significativos a partir de uma amizade tradicional. 

Ao se engajar no seu próprio desenvolvimento, a China tem sempre prestado apoio à paz e ao desenvolvimento da África e defendido a posição dos países africanos nos foros internacionais. A cooperação sino-africana tem sido condizente com a elevação de status internacional dos países africanos e com o aumento de atenção da comunidade internacional na África. 

No futuro, independentemente das circunstâncias internacionais, a China continuará, como sempre, a defender a paz e estabilidade da África, promover a sua prosperidade e desenvolvimento, apoiar a sua união e fortalecimento autônomo e impulsionar a sua participação nos assuntos internacionais em pé de igualdade. 

Empilhado, o solo se transformará na montanha. Acumuladas, as gotas de água formarão o mar. Grande ou pequeno, forte ou fraco, rico ou pobre, todos os países africanos são alvo de grande atenção da China no desenvolvimento de relações amistosas. 

Ricos ou não em recursos naturais, são tratados em pé de igualdade pela China, que desenvolve com eles uma cooperação pragmática de benefícios recíprocos e ganhos compartilhados.

Quais serão as políticas da nova liderança da China em relação à Índia? A China mudará suas posições na solução das questões fronteiriças com a Índia?
A China e a Índia têm um relacionamento tradicional de amizade e são também os dois maiores países em desenvolvimento no mundo, cuja população total ultrapassa 2,5 bilhões. É interesse comum da China e Índia que os dois países caminhem juntos no caminho de desenvolvimento pacífico e de cooperação, o que traz também grande benefício para a Ásia e o mundo. 

Nos últimos anos, sob os esforços conjuntos de ambas as partes, as relações entre a China e a Índia têm conseguido avanços significativos. As duas partes têm consolidado um relacionamento no qual as divergências são tratadas de forma apropriada e se busca o desenvolvimento comum. 

Atualmente, tanto a China como a Índia estão passando por um período de desenvolvimento acelerado, o que cria mais oportunidades para o fortalecimento da cooperação de benefícios mútuos entre os dois países. 
As duas partes devem tirar proveito dessas oportunidades para avançar a cooperação e o intercâmbio com passos firmes, e elevar o relacionamento para um novo patamar. 

Primeiro, é preciso manter uma comunicação estratégica para dominar bem o rumo das relações bilaterais. 

Segundo, é preciso aproveitar as vantagens complementares e alargar a cooperação de benefício recíproco nas áreas de infraestrutura, investimento etc. 

Terceiro, deve-se estreitar os laços culturais e aprofundar o conhecimento mútuo e a amizade entre os dois povos. 

Quarto, se deve ampliar a coordenação e cooperação nos assuntos multilaterais, a fim de salvaguardar os direitos e interesses legítimos dos países em desenvolvimento e enfrentar em conjunto os desafios globais. 

Quinto, se deve tomar em consideração as preocupações de interesse da outra parte e resolver apropriadamente os problemas e divergências existentes entre os dois países. 

Como os chineses costumam dizer, uma causa boa sempre passa por muitas adversidades. As questões de fronteira entre a China e a Índia são legados complicados da história, cujas soluções não são fáceis. 

Desde que insistamos em consulta amigável, sempre poderemos encontrar soluções justas, aceitáveis para ambas as partes. Antes da resolução final das questões fronteiriças, devemos salvaguardar juntos a paz e estabilidade nas zonas fronteiriças, para que tais questões não afetem o desenvolvimento geral das relações bilaterais.

Como a China pretende intensificar a cooperação econômico-comercial com o Brasil? A China pretende importar mais produtos brasileiros de alto valor agregado?

A minha visita mais recente ao Brasil foi em fevereiro de 2009, durante a qual tive uma conversa muito produtiva com o presidente Lula. Depois, ele visitou a China e nos encontramos novamente. Tenho acompanhado de perto a saúde dele e lhe desejo boa saúde. 

China e Brasil são os maiores países em desenvolvimento respectivamente no Oriente e no Ocidente, sendo também importantes mercados emergentes. A China tem sempre atribuído alta importância ao desenvolvimento da cooperação amistosa com o Brasil. 

Há 20 anos, o Brasil se tornou o primeiro país em desenvolvimento que estabeleceu uma parceria estratégica com a China. Ao longo desses 20 anos, o relacionamento sino-brasileiro tem obtido avanços significativos, trazendo enormes benefícios para os dois países, criando oportunidades para o desenvolvimento de cada lado, como também contribuindo para que a ordem e o sistema internacional se desenvolvam na direção mais justa e equitativa. 

Nesse momento, o relacionamento sino-brasileiro encontra-se no seu melhor nível histórico, cujo valor estratégico e global se torna cada vez mais destacado. Na 5ª cúpula do Brics, que se realizará em breve, vou ter um encontro com a presidenta Dilma Rousseff. 

Espero trocar opiniões francas com ela sobre como desenvolver o relacionamento dos dois países de forma mais abrangente e aprofundada. A cooperação econômico-comercial é a base material do relacionamento sino-brasileiro. Atualmente, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, enquanto o Brasil é o 10º maior parceiro comercial da China. 

Nunca, como hoje, os interesses de desenvolvimento dos dois países estiveram tão interligados. A cooperação econômico-comercial bilateral está desempenhando um papel cada vez mais destacado nos nossos respectivos desenvolvimentos econômicos. 

A parte chinesa está disposta a trabalhar com a parte brasileira para explorar o potencial da complementaridade das duas economias, otimizar a pauta comercial e ampliar as áreas de cooperação. 

Além disso, as duas partes podem fazer valer as suas respectivas vantagens, estimular a conexão industrial, inovar o modelo de cooperação e elevar o nível de cooperação econômico-comercial em geral. Estou convencido de que, com esforços conjuntos, a nossa cooperação econômico-comercial vai obter avanços substanciais, tanto na escala como na qualidade, o que contribuirá para que os dois países consigam o desenvolvimento sustentável, e também fortalecer a capacidade de se adequar melhor à nova situação do aprofundamento da globalização econômica e resistir aos eventuais riscos da economia internacional.

A China nunca buscará a hegemonia


Como o avalia a influência da ascensão dos países emergentes e em desenvolvimento, representados pelos Brics, sobre a atual conjuntura internacional e o sistema da governança global?
Com as suas economias em rápido desenvolvimento, um número expressivo de países emergentes e em desenvolvimento, incluindo os membros do Brics, já se tornam força importante na salvaguarda da paz mundial e promoção do desenvolvimento comum e têm desempenhado um papel importante no enfrentamento da crise financeira internacional. Isso corresponde à corrente da época caracterizada pela paz, desenvolvimento e cooperação. 

O sistema de governança econômica global tem de refletir as mudanças profundas ocorridas no mapa econômico mundial e aumentar a representatividade e o direito à voz dos países de mercado emergente e em desenvolvimento. Nos últimos anos, as cúpulas do G-20 têm desempenhado papel destacado, e reformas de cotas foram já realizadas no FMI e Banco Mundial.

São passos importantes na direção correta da reforma do sistema da governança econômica global. É desejo dos países emergentes e em desenvolvimento que o sistema da governança econômica global seja aperfeiçoado, corresponda melhor às exigências do desenvolvimento da força produtiva do mundo e favoreça mais o desenvolvimento comum de todos os países do mundo.

Quais são as suas expectativas quanto à cúpula do Brics, em Durban?
A cooperação do Brics contribui para tornar a economia mundial mais equilibrada, a governança econômica global mais aperfeiçoada e as relações internacionais mais democráticas. 

A China espera que a cúpula possa aprofundar a parceria do Brics, aperfeiçoar os seus mecanismos da cooperação, intensificar diálogo e cooperação nas diversas áreas, explorar potencialidades na cooperação pragmática e transmitir à comunidade internacional o sinal positivo de solidariedade, cooperação e ganho compartilhado. 

A parte chinesa apoia a iniciativa da África do Sul, país-presidente, de incluir na agenda prioritária de preparação temas como o estabelecimento do banco de desenvolvimento do Brics, reserva internacional conjunta, conselho do comércio e indústria, conselho de "think tank" etc, e espera que a cúpula alcance avanços positivos nesses aspectos. 

A China defende, também, a intensificação do diálogo e do intercâmbio entre o Brics e a África, para estabelecer parceria entre os dois, em defesa do desenvolvimento comum.

Qual será o papel do Partido Comunista da China na história do desenvolvimento da China? O PCCh vai dar novos passos na promoção da reforma? O socialismo com características chinesas vai conseguir maior desenvolvimento?
Ao governar na China, o PCCh tem como tarefa liderar o povo chinês a construir melhor o país e conseguir uma vida melhor para o povo. Como eu disse no passado, se alguém quiser forjar o ferro, ele próprio tem que ser forte. Para assumir a sua missão, o partido deve reforçar a sua própria construção e preservar o seu caráter avançado e a pureza. 

Deve manter os laços estreitos com a massa popular, aperfeiçoar constantemente a arte de liderança e governança, reforçar a capacidade de resistir à corrupção, prevenir a degeneração e repelir riscos, assim como a capacidade de governar de forma científica, democrática e regida pela lei, para que sirva melhor o povo. 

A reforma e a abertura são símbolos marcantes e a fonte de dinamismo da China contemporânea, bem como a via obrigatória pela qual se desenvolve o socialismo com características chinesas. Sem reforma e abertura não se pode falar da China de hoje, tampouco do seu futuro mais brilhante. 

Já sublinhei várias vezes que a reforma e a abertura só têm modo presente, não têm pretérito perfeito. As contradições surgidas no processo da reforma e da abertura só podem ser equacionadas por meio de métodos oferecidos pela reforma e abertura. Sob as novas condições históricas é necessário conseguir novos avanços na reforma para poder inaugurar uma nova conjuntura de desenvolvimento. 

Vamos fortalecer o desenho "top-down" e planejamento global da reforma, impulsionar de forma coordenada as reformas nas áreas econômica, política, cultural, social e ecológica. Seremos corajosos em lidar com os problemas mais duros, ousados em superar as adversidades mais perigosas e determinados em quebrar qualquer defeito regular e sistemático que impeça o desenvolvimento científico, no sentido de estimular a criatividade de toda a sociedade a favor de progressos das causas nacionais. 

Na nossa opinião, assim como não há duas folhas totalmente iguais numa árvore, tampouco existem experiências aplicáveis em todo o mundo, nem modelos de desenvolvimento inalteráveis. 

O socialismo com características chinesas vai se desenvolver e aperfeiçoar constantemente. O mundo está mudando e a China também está passando por mudanças, assim como o socialismo com características chinesas, que deve avançar conforme as mudanças das circunstâncias e condições. 

A China só terá dinamismo quando estiver, de forma consistente, adequada às mudanças mais recentes. Estamos dispostos a tirar proveito de todas as conquistas da civilização humana, mas não iremos simplesmente copiar e imitar o modelo de desenvolvimento de outros. 

O provérbio chinês diz que alguém perderá a sua própria capacidade de andar se apenas imitar mecanicamente a forma de andar de outros. A reforma da China é o autoaperfeiçoamento e autodesenvolvimento do sistema socialista com características chinesas. Só quando se segue o caminho escolhido pelo próprio povo chinês, e o caminho que corresponde às realidades da China, é que podemos chegar ao destino desejado.

Quais são as mudanças no tratamento pela China das suas relações com o resto do mundo, visto que o país já é a segunda maior economia mundial? Recentemente, o senhor se referiu ao "sonho da China", que visa a grande revitalização da nação chinesa. Qual é o sonho chinês sobre o mundo?
Através de mais de 30 anos da reforma e abertura, a China tem alcançado grande desenvolvimento socioeconômico e melhorado o padrão da vida do seu povo. Isso beneficia não só a própria China como também o mundo. O povo chinês valoriza o patriotismo e ao mesmo tempo possui também visão e mentalidade internacional. 

Com o aumento do poderio nacional, a China assumirá, dentro do nosso alcance, mais responsabilidades e deveres internacionais com vistas a contribuir para a causa de paz e desenvolvimento da humanidade. Embora a economia da China já fique no segundo lugar do mundo, é de salientar que o PIB per capita ainda é bem inferior ao nível médio mundial. 

Há ainda um longo caminho a percorrer para se transformar num país rico e forte. Atualmente, há preocupações na comunidade internacional de que a China, após sua ascensão, vá aplicar a hegemonia e maltratar os outros países. Tais preocupações são totalmente desnecessárias. 

A China já reiterou várias vezes à comunidade internacional o seu solene compromisso de persistir firmemente no caminho de desenvolvimento pacífico e nunca buscar a hegemonia nem a expansão. Palavras pronunciadas não podem ser retiradas por qualquer força. 

A China honra sempre as suas palavras, algo que já tem sido provado pelos fatos. Esperamos também que todos os países do mundo sigam a via do desenvolvimento pacífico e juntem os seu esforços na promoção da paz e desenvolvimento do mundo. O significado substancial do "Sonho da China" é a grande revitalização da nação chinesa. Trata-se do desejo nosso de longa data desde a história moderna. 

Após a Guerra do Ópio, em 1840, e durante um século, a nação chinesa foi sujeita a invasões externas e guerras civis, que causaram enormes misérias e sofrimentos ao povo chinês. Portanto, do fundo do coração, o povo chinês apoia a realização do "Sonho da China", pois é sonho de 1,3 bilhão de chineses. 

Desde a antiguidade, os chineses têm defendido a coexistência pacífica, mesmo com divergências. Desejamos que países e civilizações diferentes possam fazer intercâmbios em pé de igualdade, aprender mutuamente e desenvolver-se juntos, de modo que todos os povos, com as suas vontades respeitadas, consigam compartilhar os frutos do desenvolvimento econômico, científico e tecnológico do mundo e somar esforços na construção de um mundo harmonioso, com paz duradoura e prosperidade comum.

Como líder da China, o resto do mundo tem enorme interesse de conhecer mais do seu aspecto pessoal. Por exemplo, como se sente ao liderar um país com uma população de 1,3 bilhão? Quanto tempo pode passar junto com a sua família? Quais são seus hobbies? 

No meu encontro com alguns líderes de outros países, sempre me perguntaram: como se pode governar um país tão grande como a China? É verdade que é realmente difícil governar a China, cuja população totaliza 1,3 bilhão. Só para se inteirar das informações básicas já é uma tarefa nada fácil. Digo sempre que é preciso muito tempo e esforço para conhecer bem a China. 

Apenas ver um ou dois lugares não basta. A China tem um território de 9,6 milhões de quilômetros quadrados, com 56 etnias. Para conhecer a China, não se pode tirar conclusões gerais a partir de impressões isoladas, tal como um cego retrata a imagem dum elefante com as poucas informações que ele obtém com os seus toques no elefante. Um provérbio chinês antigo diz que, para ser primeiro-ministro, deve se começar pelos cargos mais básicos, e para ser um general, deve se começar como soldado. 

O atual mecanismo chinês de seleção de quadros também funciona na base de etapa por etapa. Por exemplo, trabalhei no campo rural, já fui secretário do grupo rural do partido, trabalhei também em distritos, municípios, províncias e no Comitê Central. 

Depois de ter acumulado ricas experiências de trabalho em unidades básicas, os quadros poderão ter uma melhor visão do ponto de vista da massa popular, ter conhecimento das realidades do país e as demandas do povo, juntar, por meio de prática, experiências nas diversas áreas e conhecimentos profissionais, incrementando assim a capacidade e qualificação, o que são condições básicas para que o trabalho seja bem feito.

Quer as necessidades básicas do povo, o funcionamento do dia a dia da sociedade e das máquinas de Estado, quer a construção e gestão do partido em poder exigem uma grande quantidade de trabalho. Para mim, uma vez que fui designado pelo povo para o atual cargo, preciso colocar sempre o povo no lugar mais importante do coração, ter sempre em mente as enormes expectativas que o povo me confia e lembrar que as responsabilidades são "mais pesadas que a montanha Tai". 

O líder de um país tão grande, populoso e complexo como a China tem que conhecer profundamente a situação do país, conhecer as aspirações e expectativas do povo e ter a autoconsciência de atuar como se pisasse no gelo fino e andasse à beira de um abismo, e ter uma atitude de governar um país como se preparasse um prato delicado. 

Nunca relaxe, nunca seja negligente nem descuidado, mas, sim, se deve trabalhar sempre com a máxima diligência e dedicação.O povo é sempre a fonte da nossa força. Desde que trabalhemos com olhos nos interesses do povo, levemos em consideração o povo, compartilhemos alegrias e sofrimentos do povo, estejamos unidos com o povo, não haverá dificuldades que não possamos superar nem tarefas que não consigamos cumprir. Quanto à quantidade de trabalho, vocês podem imaginar. Ao ocupar este cargo, praticamente não tenho tempo privado. 

Tenho montes de trabalhos. Claro, eu sei como separar o trabalho conforme o seu grau de importância e urgência. Quanto mais se coloca lenha, mais alta a chama fica. Temos uma liderança coletiva central, que tem uma divisão de responsabilidades, como também um sistema de colaboração. É um mecanismo eficiente, no qual cada um assume as suas responsabilidades, enquanto junta esforços para concluir o trabalho. 

Apesar de ser muito ocupado, sempre que possível tenho que arranjar uma pequena pausa e ficar junto com a minha família. Tenho muitos hobbies e o meu favorito é ler, que já faz parte do meu modo de vida. Também sou fã de esporte. Gosto de nadar, subir montanhas, entre outros. Quando era jovem, gostei de futebol e voleibol.

O Brasil sediará a Copa do Mundo de futebol no ano que vem. O senhor tem algum palpite sobre qual equipe será campeã?
O Brasil vai sediar mais uma vez a Copa do Mundo, pelo que expresso as minhas felicitações. O charme das competições esportivas, sobretudo do jogo de futebol, é a sua imprevisibilidade. 

Tivemos o polvo Paul na última Copa. Não sei se, no ano que vem, haverá um outro polvo que pode prever o futuro. A seleção brasileira tem a vantagem de jogar em casa. Desejo à seleção brasileira muita boa sorte.

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