As pesquisas realizadas no Paraguai revelam que a divisão da esquerda — que tem dois candidatos: Mario Ferreiro, da coligação Avança País e Aníbal Carrillo, apoiado pelo ex-presidente Fernando Lugo e pela Frente Guaçu — torna mais longínqua a possibilidade de o Paraguai eleger um presidente progressista no pleito de 21 de abril. Os setores que perpetraram, em junho do ano passado, o golpe de Estado que destituiu Lugo, deverão conquistar a presidência.
Latuff
Charge feita por Latuff para a causa dos Guarani-Kaiowá
O Partido Colorado tirou proveito político da ruptura institucional e desponta como o favorito para 21 de abril. Há meses, Horacio Cartes encabeça as pesquisas eleitorais que, no final de fevereiro, lhe davam 30% das intenções de voto. Empresário, sua fortuna econômica é polêmica. Dono de 26 empresas, a maioria delas do setor de tabaco, é acusado de ligação com o narcotráfico e lavagem de dinheiro, tendo sido investigado no Brasil por contrabando de cigarros.
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O Partido Liberal, segundo na disputa e atualmente no poder após liderar o golpe parlamentar contra Lugo, tem aproximadamente 22% das intenções de voto com o candidato Efraín Alegre.
Fim do sonho progressista
Os setores progressistas se iludiram com pesquisas que davam ao comunicador Mario Ferreiro 19% de intenção de voto. A realidade é que ele somente estaria em condições competitivas se fosse realizado um acordo com a Frente Guaçu, liderada por Fernando Lugo. Aníbal Carrillo, candidato apoiado por Lugo, tem entre 3,5 e 7% dos votos, de acordo com as pesquisas.
Setores sociais e políticos pressionam para forçar uma aliança, mas Lugo é relutante e critica os que deixaram a Frente Guaçu e foram para o Avança País.
Votos de Oviedo
A morte de Lino Oviedo, general retirado famoso por sua tentativa de golpe de Estado em 1996, pode movimentar um pouco o cenário eleitoral. Oviedo tinha entre 5 e 10% dos votos. Colorados e Liberais tentam capitalizar estas intenções de voto.
Vencerá o agronegócio
Nos debates presidenciais na televisão, os candidatos da direita se apresentam como exemplares administradores do modelo do agronegócio. Entre outros compromissos de campanha, juram que não cobrarão impostos diretos sobre a exportação de soja bruta. No Paraguai, a exportação não paga nenhum guarani ao Estado.
Se os gigantes do agronegócio pagassem 15% de impostos na exportação de soja, o Estado teria 225 milhões de dólares por ano para destinar à reforma agrária, à saúde e à educação, considerando a exportação de US$ 1,5 milhões de dólares como em 2011. Em 2010, de acordo com o departamento de Agricultura dos Estados Unidos, as exportações paraguaias foram de mais de seis milhões de toneladas de soja.
Diante disso, as multinacionais do agronegócio “exportam” para suas filiais no exterior a soja paraguaia a um preço muito mais baixo que o de mercado, e vendem pelo preço verdadeiro, com altos lucros.
A direita paraguaia tem claro que este é o status quo que deve manter nas próximas eleições presidenciais. Enquanto na esquerda a árvore segue cobrindo o bosque.
Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva, com informações de Jorge Zárate
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