domingo, 3 de março de 2013

ITAPETIM: Exemplo de superação, Adilson Campos, com necessidade especial usa língua e queixo para acessar o computador.


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Eu sou feliz”. A frase dita por Adilson Silva Campos pega todo mundo de surpresa. Adilson tem 29 anos mas parece ter 18 ou menos. Com paralisia cerebral de nascença, ele se contorce na cadeira de rodas fazendo um grande esforço para balbuciar as palavras. O som sai entrecortado pelo esforço em se fazer compreensível. À medida que fala mexe braços e pernas num movimento descontrolado como se a qualquer momento fosse despencar do assento. Num primeiro momento a preocupação de quem assiste à cena é tentar entender gestos e poses. Mas não bastam mais do que cinco minutos para se entender a linguagem de Adilson e, melhor, tirar uma lição de vida da convivência com ele.
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Adilson traz na face e em todo o corpo a alegria de viver. O rosto dele não só revela o gosto pela vida como tem sido o meio de comunicação com o mundo. Com o queixo e a língua ele liga o computador, tecla, baixa programas e se comunica nas redes sociais. “Quando a gente é deficiente tem que ser criativo e descobrir formas de sobrevivência”, resume.
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Mesmo com dificuldade para se comunicar, Adilson cativa a pequena plateia que invadiu seu pequeno quarto numa das avenidas principais de Itapetim, a 476 km do Recife, no Sertão, para assistir nossa conversa. Nada foi fácil para Adilson desde que nasceu. Conta com a ajuda da mãe, Maria Lélia, para se locomover e para todos os afazeres, até mesmo para comer. O pai, Francisco, passa o dia fora de casa trabalhando como motorista. Por conta da deficiência múltipla, Adilson passou longa parte da vida dentro de casa. A própria mãe foi quem o ensinou a ler. Somente em 2011, Lélia resolveu vencer as barreiras do preconceito acreditando que “a inclusão era o caminho” e que “ele tinha o direito de estudar”. Adilson está matriculado numa escola estadual onde cursa o nono ano do ensino fundamental.
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Uma tarefa não muito fácil de ser cumprida a de ir à escola e a outros lugares. Adilson pesa 90 quilos e não dispõe de uma cadeira de rodas motorizada. Para auxiliá-lo na escola, o governo do estado disponibilizou um professor cuidador que o acompanha na sala de aula, funcionando como uma espécie de intérprete das suas palavras e ideias. “Na escola sou bem recebido. Tenho meu grupo de amigos”, conta ele. Bastante conhecido na cidade, adora forró e costuma frequentar a boate local. Como você se definiria, pergunto. “Uma pessoa espontânea”, revela. E um sonho, você tem um sonho? “Sim, o de trabalhar um dia”, revela. A gente se despede de Adilson com a certeza de que qualquer problema que se tenha é irrelevante diante da força de vontade dele em superar os limites e ir além.

fonte: blog do marcello patriota (por Sandro Ferreira)

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